LENDO O BLOG DO MEU IDOLO MILTON CUNHA, E como tenho contato pessoal, não poderia deixar passar este texto, sem que meus leitores desfrutem. Réquiem à maior cilada da ceia de natal: há um panetone, testemunha ocular dos excessos de fim de ano, adormecendo na geleira do refrigerador. Quantos outros abandonados, não tocados, restarão nos milhares de freezers brasileiros? Mais que guloseima, decoração. Ninguém o come (ui!). Mas sem ele não é Natal. Seco, duro, pouco apetitoso, diante dos outros molhadinhos, na mesa insana da ceia, defronte da missa do Galo, outra abandonada, passando na tv. Panetone e missa do Galo, as roubadas do 24 à noite. Já sei, o Panetone é o impávido colosso da santa ceia. Agora, coberto com papel prateado, é quase uma monte everest no congelador. Acho que temos medo de jogá-lo fora, pois ali está a esperança, nem que seja de emagrecer, no ano que se inicia. Está na hora de lançarem a dieta panetone, que incomível, fará todos morrerem de inanição. E como não o damos em tempo hábil, já era. Coitado, abandonado. É tipo lei que é lançada mas não pega: existe, tem que estar lá, ainda que ninguém a cumpra. A rabanada, proletária e caseira, acaba com a pose da madame da ceia. Ninguém a toca, ela morre virgem, diante da outra, desejada, disputada. Deve ser horrível ser mulher-panetone, a indevorável, tia velha. Bem que a grande fábrica produtora faz comercial emocionante na tv, diz que há décadas acompanha o natal da família brasileira (quiçá, mundial), mas acredito que haja um cemitério dos panetones jamais saboreados. Para onde vão os panetones fantasmas que sobrevivem, aos montes, no 25? Para o mesmo lugar para onde vão os anãos.
Um comentário:
Este Miton Cunha sabe tudo, ainda tem carnavalesco EM fLORIANÓPLIS-SC que tem que ir ao Rio de Janeiro, com humildade e ter algumas aulas com ele.
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