Certa vez voltando pra casa lá da Arruda, claro que ligeiramente embriagado, depois de ter gastado milhões na Zezé, eu resolvi descrever em um texto como se inicia uma música em uma roda, desde o pedido do tom até começar a música......e ficou algo assim, "O silêncio, tomado por um certo tormento, implora pelo seu término.
Começam então os burburinhos ao pé do ouvido, que pouco a pouco passam de forma cadenciada àqueles que estão à mesa. Estes, por sua vez, entreolham-se e arriscam um movimento de aprovação simultâneo.
Como num gesto teatral, a mão direita de certo um é alçada aberta, e como um dominó, seus dedos caem um sobre os outros, mimicamente mostrando a cobiçada nota.
Logo na frente, dono de um olhar fixo e apreensivo, o outro um corresponde com firmes palhetadas que tremulam ora as cordas, ora os ouvidos de quem está de imediato, e sempre ritmadas por um balé dedilhado daquela mão que ampara o braço do cavaco
Majestosamente surge uma certa marcação, rasgando de forma metralhada o compasso do cavaquinho, e logo em seguida entrelaça-se pulsante, feito batidas de coração, com as palhetadas ritmadas de seu vizinho.
Neste momento, já com o peito oprimido pela ansiedade da espera, dar-se-á a chegada do pandeiro ao som esvoaçante e estridente de suas platinelas. Sua pele, de início, é tangida de forma brutal pela palma da mão e alternada pelo polegar, onde se revezam interminavelmente palma polegar-polegar palma, num intenso namoro, fazendo seus confinantes entrarem em transe, percorrendo o tom, que de início fora desejado.
Já harmonizados, todos os outros, não menos importantes, surgem. Tamborim, reco-reco, cuíca e as batidas na palma da mão, que desfrutam daquele pandeiro, que por mais bruto, dá o ensejo. A marcação, por menos estável, é segura em seu tempo. E o cavaco, que por menos triste, chora, transbordando o suspiro melódico do poeta que está prestes a ser exalt ado" Isto tudo que voçê ve, é o PAGODE DA ARRUDA, tem um branquinho Catarinense de Florianópolis, Daniel Aranha que quando chegou na roda olhamos e ficamos meio desconfiado, depois que ele começou a tocar,teu violão, cavaco, bandolim tivemos que tirar o chapéu, e dizer vem com a gente vem.
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Crônica - Do gesto à exaltação
(Vitor Hugo Fernandes da Silva Jr.)
Abraço a todos e arruda neles!!!"
3 comentários:
Se eu não estou enganado, este branquinho de violão é o mestre de bateria da Consulado?. Se for, porque não aconteçe aqui, como estamos desprezando nossos valores. Na frente da bateria ele e um show a parte, com comando, respeito, e é muito durão. mas só assim é que se faz ser respeitado.
Já era fá do Aranha, agora com essa informações sai da frente, pois no Rio logo logo vai dar, frutos Catarinenes. E do bom, suçesso garoto sou tua fã de carterinha.
Belo texto!!!
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