domingo, 1 de março de 2009

O RIO PODE SER PARA OS CARIOCAS A MELHOR CIDADE DO BRASIL + PARA OS CATARIRENSES FLORIPA É QUE É


Minha alma canta. E a de todos os passageiros também. A Guanabara fica para trás. Depois de deixar a Baía de Sepetiba e o Maracanã para trás, o avião acentua a trajetória de subida e os rostos colam nas pequenas janelas - azar de quem fez tarde o check-in. Desvia do Cristo Redentor e das antenas do Sumaré; raspa nos bondinhos e no Pão de Açúcar; sobrevoa o Caminho Niemeyer, em Niterói; atravessa a ponte; ultrapassa a Ilha Fiscal; Santo Dumont Já era; Uaaau!!! Um espetáculo, ainda mais impressionante, É rápido, verdade. Mas todos sabem: o que é bom duro pouco. Quem não se emociona ao sair do Rio de Janeiro pelos céus, de onde é possível apreciar um resumo breve do aconteceu em 4 dias. É quase inacreditável o que se vê. Uma "cidade feita de montanha em casamento indissolúvel com o mar", como escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade, eternizado em bronze no calçadão de Copacabana. Seu companheiro de ofício, Vinicius de Moraes, não está só: beleza também é fundamental. Não à toa voltaram a dar à Cidade Maravilhosa o título de melhor do Brasil, cravando nada menos que uma nota 4,93 em "beleza" (num máximo de 5, quesitos avaliados. (Ipanema). Mas ninguém se atreve. Carioca é besta. Acha tão brega aplaudir decolagem de aeronave quanto pedir autógrafo a artista na rua. Demorou um tanto até o Rio recuperar a coroa, por três anos seguidos em poder de Floripa. Mas o retorno ao topo do pódio do Prêmio VT como melhor cidade do país aconteceu em grande estilo. Às vésperas da realização dos Jogos Pan-Americanos, um banho de loja tomou conta da urbe: novos quiosques na orla (alguns em Copacabana já funcionam a pleno vapor), novos hotéis (o Fasano, em Ipanema; o Windsor Astúrias, o Ibis e o Formule 1, no centro), novos restaurantes (os siameses Pederneiras e One, a abrir no mesmo endereço em Ipanema, onde recentemente funcionava o Mix, os paulistanos Nakombi e Bráz, além do Fasano al Mare e do Ráscal, com seu bufê de massas e grelhados impecáveis, muito acima da média), novas casas noturnas (a Choperia Brazooka e a arena Vivo Rio), novos shoppings (o chiquérrimo Leblon), teatros (a volta triunfal do Casa Grande) e cinemas. A efervescência toma conta de todos os bairros. "O Rio de Janeiro está passando por um momento extremamente positivo", diz Rubem Medina, secretário de Turismo da cidade, que atribui parte da boa fase ao Pan-Americano. "É um marco, um divisor de águas. Os investimentos em estádios e novos equipamentos esportivos, os parques remodelados, a revitalização de regiões antes degradadas... A cidade está mais feliz." E olha que faltam so um mês para o final do verão, quando o Rio de Janeiro é mais carioca: escancara o sorriso, tira a camisa, calça o chinelo, vai à praia e se acaba de sambar... Mas (só) beleza não põe na mesa, diz o sábio dito popular. Então, o Rio tasca logo um 4,83 em "atrações" para não ter mais conversa - também a maior de todas as notas entre as dez melhores cidades nesse quesito. Não é mole mesmo. Quem se candidata a encarar? Ipanema, Leblon, Pão de Açúcar, Lagoa Rodrigo de Freitas, Floresta da Tijuca, Jardim Botânico, Baixo Gávea, bondinhos em Santa Teresa, MAM, Lapa, Pedra da Gávea, vôo livre sobre São Conrado, Teatro Municipal, Marquês de Sapucaí, carnaval de rua, Cidade do Samba, ensaios da Mangueira, Mosteiro de São Bento, Confeitaria Colombo, Botafogo jogando no Maracanã e sendo Campeão da taça Guanabara 2009, fogos de artifício espocando nos céus de uma Copacabana lotada no Réveillon. Uma lista quase interminável. Paremos por aqui. Há elementos mais difusos também - e esses são os mais saborosos, desvendados apenas pelos que assumem a carioquice, ainda que apenas por alguns dias, enquanto dure a viagem. Como traduzir o espírito do carioca, tipo bronzeado, irreverente e caloroso, que gosta de receber os visitantes - e ciceroneá-los? Espírito que está espalhado pela cidade, no chope (2,80 reais) do bar Bracarense (Rua José Linhares, 85-B, Leblon, por exemplo, acompanhado do bolinho de aipim com camarão e catupiry (1,80 real), obra-prima de Alaíde, servida com carinho pelo boa-praça Chico, garçom e, como tal, celebridade. Ou, ainda, no transe coletivo que acomete maurícios e patrícias da Zona Sul quando o batidão do funk reverbera nas caixas de som: libera DJ! Seja nos bailes das comunidades, seja nas boates mais badaladas, seja nas festas mais seletas do high society. "Tá tudo dominado!", como diria uma das mais poéticas e famosas letras do movimento musical - nascido nos morros e que mais uma vez toma de assalto o asfalto. Assim como os bailes funk, os botequins também são a cara do Rio, e perder-se por trás de seus balcões, uma verdadeira bula para se achar na cidade, para tatear a alma carioca, intrinsecamente ligada ao chope trincando de gelado, o caldinho de feijão com torresmo, o bolinho de bacalhau, o sanduíche de pernil, a carne-seca acebolada com farofa, as empadinhas de camarão, as sardinhas e o indefectível ovo colorido. É batata para entender o Rio, porque sentar-se à mesa de um botequim, quando há mesas disponíveis, diga-se, não é apenas se acomodar e fazer os pedidos de comes e bebes. É conversar com o vizinho; é descobrir o que se tem para fazer à noite; é saber o bicho que deu; é descer o sarrafo nos políticos; é contar piadas; é especular sobre a meteorologia para o dia seguinte - "Vai dar praia?" é conhecer "qual foi o resultado do futebol" como aliás, já dizia Noel Rosa. A despeito de algumas queixas dos mais saudosistas, o cenário botequeiro nunca esteve tão buliçoso quanto agora. Já que a esmagadora maioria dos mais tradicionais (Jobi, Bracarense, Adega Pérola, Picote, Bar Lagoa e tantos outros clássicos endereços) reluta em abrir filiais, os novatos não se fazem de rogados. Novas redes de pés-limpos, apelido irônico em relação aos pés-sujos, não menos irreverente alcunha, expandem seus domínios a largos passos por toda a cidade. Nessa seara de botecos, digamos mais organizados e desinfetados (há quem os odeie), disputam fregueses tulipa a tulipa novas grifes da boemia carioca, como Manuel e Joaquim. "É um conceito importado de São Paulo", diz André Silva, um dos sócios do Conversa
Fiada. "Primeiro, eles vieram aqui ver como eram os nossos botecos. Abriram por lá o Posto 6, o Filial, o Pirajá, o Salve Jorge e tantos outros que seguem a mesma linha. Depois, foi a nossa vez. Buscamos inspiração nessas casas e as importamos de volta", conta. O Conversa Fiada é uma das redes que crescem em mais acelerado ritmo: em dois anos e meio já são oito casas, contando as de Angra e Itaipava, além das duas a serem inauguradas agora em dezembro: Tijuca e Búzios. Ir (voltar?) para Sampa é o próximo passo. Em coqueiros perto da minha casa, também existe um Conversa fiada rua Estilac Leal. Entender o que é o Rio de Janeiro também é tomar café-da-manhã escutando chorinho no Parque Lage, acomodado em esteiras e almofadas no chão. É ignorar o Chico Buarque caminhando no calçadão de Ipanema. Para depois se refestelar em algum quiosque para apreciar a vista. É tomar banho de cachoeira nas Paineiras depois da praia. É viajar de pé no bondinho de Santa Teresa para não pagar passagem. É comer Biscoito Globo com Mate Leão. É pedir chope sem colarinho, apesar de o hábito ir de encontro às recomendações universais, ao protocolo dos trapistas. É participar da roda de samba do Bip Bip, em Copacabana. É comprar peixe fresco no Posto 6 - ou se fartar de frutos do mar nos restaurantes de Guaratiba. É marcar com o amigo um chope à noite na Baixa Gávea e acabar se encontrando com ele, por coincidência, em uma das rodas de samba na Lapa. É estar na melhor cidade do Brasil, como os cariocas a chamam (Pois agora), o Rio é bom para ficar no mínimo 4 dias e no Maximo 15 dias, senão você fica pirado.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Rio, pode ser a melhor cidade do mundo para os cariocas, e eu não sou ninguém para dizer ao contrario. Mas prefiro a nossa Floripa.

Anônimo disse...

Lagoa da Conceição, Joaquina, Mole, Jurere, são 43 prais e eles vem para Floripa, porque que está aconteçendo no Rio. A midia faz as coisas.