quinta-feira, 22 de outubro de 2009

LÁ NÃO FEZ CORRETO, MEU DEUS



No dia 26 de agosto uma multidão estimada em 500 mil pessoas se espremeu ao longo da Kaminarimon-dori, uma das principais avenidas do distrito de Asakusa, em Tóquio, para assistir ao desfile de 25 escolas de samba na 26a. edição do Asakusa Samba Carnival, o maior carnaval do mundo fora do Brasil. Quem esteve presente não precisou fazer muita força para adivinhar qual escola levaria o troféu quando a G.R.E.S. Bárbaros "taxiou" até a cabeceira da avenida para a sua 16a. vitória, fechando o dia também com o prêmio de melhor alegoria. A escola, que optou pelo tema "Jogos", ao mesmo tempo original e fácil de ser assimilado pelo público nipônico, passou por momentos de apreensão: as fantasias confeccionadas no Brasil que vestiram seus cerca de 80 membros da bateria e 150 dançarinos chegaram somente na véspera do desfile.O carnaval de Asakusa começou oficialmente em 1981 e cada desfile representa uma grande vitória para os dirigentes e membros das escolas de samba japonesas que, depois de anos trabalhando muito, hoje conseguem apresentar um espetáculo admirável e emocionante, além de cumprir com o objetivo inicial, que é atrair mais atenção ao distrito, antigamente um dos mais badalados de Tóquio. Talvez a peculiaridade desse evento resida justamente aí - nesse canto da cidade onde é normal deparar-se com sumotoris e gueixas pelas ruas, antigos moradores ficam chocados ao presenciarem um acontecimento "estrangeiro" de tamanho impacto visual e auditivo.Na avenida, carros alegóricos, dançarinos, malabaristas, músicos e, principalmente, as belas passistas provocaram mais uma vez uma grande aglomeração de fotógrafos de plantão ao longo de todo o percurso. O que os cariocas achariam de tudo isso? Roberto Maxwell, de 31 anos e estudante da universidade de Shizuoka, já participou três vezes dos desfiles do Rio de Janeiro e disse ter ficado emocionado ao presenciar o esforço das escolas, "Vi vários elementos autênticos, como as cores e a batida funk na parada de algumas baterias. Não é simplesmente um show "para inglês ver" ".O toque especial é dado pela presença de vários brasileiros, principalmente em lugares de destaque como nos carros alegóricos e entre os puxadores de samba. Sabrina Hellmeister, por exemplo, veio da MPB para estrear cantando o enredo da Império do Samba sob a maestria do Mestre Damião.
Nesse dia, a noite chegou nas ruas de Asakusa de uma forma que só acontece uma vez ao ano. Nos bares e restaurantes, mesas colocadas do lado de fora sustentavam copos de cerveja e cadernos recheados com partituras de predominância tonal maior, que são as do samba. Sob as lanternas vermelhas, japoneses expressavam sua brasilidade nos cavaquinhos e pandeiros.
Gozado lá do outro lado do mundo, eles com 250 pessoas em cada entidade desfilam e fazem um carnaval importado, que fica ótimo dentro do que eles se propõem a fazer. Totalmente diferente em uma Ilha no sul do Brasil, onde as escolas de samba ganham tudo e os dirigentes fazem carreira. Também eleição política (dos mentirosos e falsos) de dois em dois anos, quem não quer?.

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