domingo, 8 de fevereiro de 2009

O TEXTO ABAIXO EU DEDICO A JORNALISTA






O TEXTO ABAIXO É UMA HOMENAGEM A guerreira como eu a chamo, morena, porreta, a ilustração ao lado nada mais é do que um alerta, furou tá na mira da seta do AMOR.
Os jornais são, de uma forma geral, ‘produtos masculinos’. Por diversas razões. Porque sujam as mãos; porque têm formatos incómodos; porque os temas que tratam interessam fundamentalmente aos homens. Não é politicamente correcto dizer isto, mas é a pura verdade. E, no fundo, é natural: os jornais vulgarizaram-se no século XIX, quando os compradores eram exclusivamente homens. Era impensável imaginar uma mulher a comprar um jornal. E, mesmo a lê-lo, não era usual. Por outro lado, as redacções dos jornais, com raríssimas excepções, eram formadas por homens. As mulheres jornalistas contavam-se pelos dedos das mãos. Ainda em geraçôes dos meus pais, a carreira jornalística não era coisa ‘para meninas’. surgia na profissão como uma ET. Ora, sendo os jornais feitos por homens e destinados a ser lidos por homens, era natural que tivessem formatos masculinos e reflectissem os temas que preenchiam as conversas masculinas: a política, o futebol, a economia, e, em menor grau, os assuntos internacionais. Como os jornais viviam de costas para as mulheres, a partir de certa altura começou a aparecer outro tipo de jornalismo, dirigido ao público feminino: as revistas ‘do coração’ (tipo Maria), as revistas ‘do social’ (tipo Gente) e as revistas femininas propriamente ditas (typo Elle our Marie Claire).Mas, se estas publicações permanecem, no que diz respeito aos jornais o panorama mudou. Hoje há muito mais mulheres a ler jornais – e já não é um escândalo ver-se uma senhora a comprar um jornal na banca. Porquê? Porque ocorreram mudanças sociais que revolucionaram os hábitos. Primeiro, as mulheres passaram a casar muito mais tarde: enquanto há 30 anos casavam pouco depois dos vinte, hoje casam pouco antes dos trinta. Segundo, divorciam-se com muito maior facilidade: enquanto o divórcio era há duas gerações uma coisa rara e socialmente mal aceite, hoje é uma situação vulgar, facilitada pela maior independência económica que as mulheres, em geral, têm. Terceiro, há muito mais mulheres a frequentar universidades e cada vez mais mulheres a ascender a lugares de responsabilidade nas empresas. Tudo isto somado faz com que haja muito mais mulheres a viver sozinhas e muito mais mulheres com necessidades de informação – e, portanto, muito mais compradoras potenciais de jornais. E sublinho a palavra ‘compradoras’ e já não apenas ‘leitoras’ (do exemplar do pai, do marido ou do namorado). O crescente interesse das mulheres pela leitura verifica--se também noutras áreas. Há vinte anos, quando se entrava numa livraria, era raríssimo encontrar uma mulher; hoje acontece verem-se mais mulheres do que homens. Há, em muitas mulheres, uma necessidade compulsiva de leitura, uma voracidade pela leitura, que há duas gerações pareceria impossível. E é irrelevante se muitas delas buscam na leitura apenas a evasão. A verdade é que lêem. Mas, se o paradigma do leitor mudou, o do escritor também. As estantes das livrarias foram positivamente invadidas por livros escritos por mulheres. , embora muita gente ainda não se tenha apercebido disso. Sendo assim os donos e os editores no século XXI, tinha o dever de reflectir, mais do que qualquer outro, esta mudança. Por isso, foi estabelecido desde o início o objectivo de fazer um modelo de jornal diferente, inovador, que as mulheres não sentissem como ‘estranho’, que as não agredisse pelo formato, pelo grafismo ou pela escolha dos temas. É natural que os jornais nascidos no século XIX ou no século passado ainda hoje reflictam, em boa medida, os hábitos e interesses temáticos de quem os lia quando apareceram. Mas um jornal nascido neste século teria forçosamente de ter outro modelo.Assim, trouxeram para o corpo do jornal certas secções que tradicionalmente estão nas revistas – como a etiqueta, o bem-estar, a moda, os objectos caseiros, mesmo a crónica de sexo. E planejámoentos a área ‘Mundo Real’ de modo a incluir sempre histórias capazes de tocar públicos transversais. E valorizaram-se colunas capazes de reflectir uma sensibilidade feminina – E este trabalho feito no corpo principal do jornal foi complementado na Tabu e no Essencial, com as mesmas preocupações. Acresce que, sendo as redacões dos emagadoramente formada por mulheres, isso não podia deixar de se reflectir na escolha dos temas, no seu tratamento e na própria escrita. Até porque, se até há algum tempo as mulheres jornalistas tentavam afirmar-se nas redacções procurando imitar os homens, hoje já não temem fazê-lo com sua própria forma de estar e de olhar a via o mundo. O FUTURO da-nos razão. Para já, constato que através de que os jornais perceberam que um jornal se pode ler com gusto – e não necessariamente por dever ou obrigação, Como antes acontecia. A jornalista citada ABAIXO aqui, foi lembrada pois veio com a cara e coragem da sua cidade, viu gostou e vençeu. Cito ainda que como todos seres humanos, semple tem alguem que não entende certas coisas que um jornalista passa. Mais raramente vemos uma pessoa que tem muito mais amigos e leitores, do que alguem falando algo que desabone. Por isto esta homenagem para minha amiga. ÂNGELA BASTOS.

3 comentários:

Anônimo disse...

Nico que felicidade em lembrar das mulheres. Realmente o texto e maravilhoso, e ainda mais falando da Ángela Bastos, pois ela representa exatamente tudo que vc escreveu. Ainda mais, não só na imprensa que vemos isso, em secú los passados, em todas classes sempre existiu. Do interior do Rio Grande Do Sul, chegar em Florianópolis de mansinho fazer dois documentarios (Cinema, premiados, e agora ser jornalista especial do Diario Catarinense, ser recebida em toda a cidade com carinho, deve mesmo ser homenageada. Parabéns Àngela, e a voçê Nico Ribeiro, deixa os caõs que ladram passarem, e vai levando tua carruagem. Parabéns Ángela.

Anônimo disse...

Pelo amor de Deus, até que enfim alguem escreve um texto valorizando as mulheres. E esta mulher Àngela Bastos, é tudo que nos faz ter esperança, que o mundo para as femeas esta mudando. Muito bom Nico.

Anônimo disse...

Diferente de outras ou (outros)jornalistas, a Ângela Bastos escreve de uma maneira sobre nosso carnaval, com muita propiedade e segurança. E vc Nico, está fazendo muita falta na organização da festa Momesca de Florianópolis. Lembro muito bem, que só te via correndo e muito, para organizar tudo passando noites sem dormir, coisa que não aconteçe mais. Devemos sim, a cidade pelos serviços prestados durante o periodo que vc coordenava o crnaval. O texto que escreveu para a jornalista, nos deixa muito orgulhoso, apesar de ser homem sei o que foi a descriminação contra as mulheres que é milenar. A homenagem é justa pois a angela Bastos é sim guerreira, pois para enfrentar o perconceito que existe em Florianóplois, para quem vem de fora e vençe não e mole não. Parabens a homenageada (merecedora)e a ti Nico.